quarta-feira, outubro 05, 2011


A mulher na ciência

Durante muitos anos, a mulher lutou para ter seu lugar além das paredes da cozinha. A princípio, a mulher lutou pela liberdade do corpo, depois pela liberdade do conhecimento, que cresceu a partir da segunda onda do feminismo, ocorrida nas décadas de 60 e 70.
Na área da ciência, as mulheres desempenham um importante papel como, por exemplo, o trabalho de Barbara McClintock, nascida em 1902. Ela foi geneticista que, há mais de 50 anos, atuou na área da Biologia Molecular e da Genética.
Barbara recusou as alternativas de trabalho tipicamente apresentadas para as mulheres, que nos ano 20, pretendiam se dedicar à ciência como auxiliares de pesquisas ou professoras em universidades femininas, para buscar oportunidades de conduzir suas próprias pesquisas.
Conhecida como dissidente, visionária e até mística, recebeu bolsas das principais agências de fomento e apoio de importantes cientisras para realizar suas pesquisas sobre genética. Mas ela só conseguiu obter seu primeiro posto de trabalho no Departamento de Genética da Carnegie Institution of Washington em Cold Spring Harbor, em 1944, quando já estava com 42 anos de idade.
Por quase três décadas, grande parte de seu trabalho permaneceu incompreendido por muitos de seus colegas. Nos anos 70, sua obra passou a ser reconhecida, processo que culminou com o Prêmio Nobel, outorgado em 1983 por suas significativas contribuições para a História da Biologia no século XX, especialmente pela identificação do fenômeno da transposição, resultado de mais de 30 anos de estudos sobre a genética do milho.


A 1ª mulher que descobriu a vacina no Brasil
Miriam Tendler
     Miriam Tendler dedicou trinta anos para descobrir a vacina contra a esquistossomose, conhecida popularmente como barriga d’água. Essa doença é muito comum no Brasil, chegando a ser a segunda maior epidemia do mundo. A partir de suas pesquisas, ela descobriu que a vacina servia também contra a fascíola (doença que atinge o gado bovino).
    Seu interesse pela esquistossomose começou no terceiro ano da faculdade, quando foi estagiar num grupo de testes de medicamentos contra a doença no Instituto Nacional de Endemias Rurais, que hoje pertencente à Fiocruz. O antígeno (substância que estimula o organismo a produzir anticorpos) usado nessas pesquisas era feito a partir de vermes triturados – um composto preparado de maneira rudimentar. Teve, então, a ideia de usar as secreções e excreções dos próprios vermes. Como esses compostos são mais puros do que os parasitas amassados por inteiro, eles poderiam dar origem a um antígeno mais preciso. Foi o que ocorreu. Nos testes em coelhos, sua mistura atingiu uma eficácia superior a 90%. Todos sabemos que o desenvolvimento de uma vacina demora em média dez anos, mas o desenvolvimento da vacina de Miriam demorou mais tempo, por causa das limitações tecnológicas do Brasil. Esse atraso fez com que apenas no início da década de 90 conseguissem identificar o antígeno da vacina, a molécula SM14. Dezenas de antígenos contra a esquistossomose já estavam sendo testados em várias partes do mundo eles nem sequer haviam descoberto a sua molécula. Era como se os outros países andassem em aviões supersônicos e eles viajassem em carroças.
     Ela superou essas dificuldades em 1987, quando entrou num curso de pós-doutorado de três meses no Marine Biological Laboratory, nos Estados Unidos. Foi uma grande oportunidade, porque os alunos que já estivessem envolvidos em projetos em seu país de origem poderiam dar continuidade a eles. Transportou o material de pesquisa (amostras de soro e vermes congelados) numa caixinha de isopor, dentro de seu nécessaire. Lá, trabalhou dia e noite. Seus colegas queriam-lhe levar para passear e ela respondia: "Não posso. Logo mais vou voltar para o mato e tenho de aproveitar ao máximo os equipamentos daqui." Retornou com algumas moléculas identificadas. Cinco anos depois, ela e sua equipe chegaram ao antígeno definitivo. E sua vacina ficou pronta.



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